De Os persas, vv. 93 - 101

Ésquilo
Trad. Bruno Reiser

À artimanha bem posta do deus
dentre os mortais quem escapa?
quem de um pé pronto
um sucedido salto dirige?

A Fatalidade acolhe a sorrir
em sua rede o vivente,
de onde ao mortal evitar
não há o uma vez evitado.

Δολόμητιν δ’ἀπάταν θεοῦ
τις ἀνὴρ θνατός ἀλύξει;
τις ὁ κραιπνῷ ποδὶ πηδή-
ματος εὐπετέος ἀνᾴσσων;

φιλόφρων γάρ παρασαίνει
βροτὸν εἲς ἂρκυας Ἂτα,
τόθεν οὐκ ἒστιν ὑπὲρ θνα-
τὸν ἀλύξαντα φυγείν.

Songe nocturne

J. W. Goethe
Trad.: Bruno Reiser

Je vous salue, ô malheureuses étoiles,
Si belles, vous brillez si tendrement,
Vous qui illuminez les vaisseaux qui passent
Oubliées des hommes et des dieux:
Vous, vous n'avez jamais connu l'Amour!
Les Heures éternelles vous conduisent
Par l'étendue des cieux immuablement.
Que de voyages avez vous accomplis
Dès que, démeurant aux bras bien aimés,
Je ne voyais ni vous ni les Minuits.

Nachtgedanken

Euch bedaur' ich, unglücksel'ge Sterne,
Die ihr schön seid und so herrlich scheinet,
Dem bedrängten Schiffer gerne leuchtet,
Unbelohnt von Göttern und von Menschen:
Denn ihr liebt nicht, kanntet nie die Liebe!
Unaufhaltsam führen ew'ge Stunden
Eure Reihen durch den weiten Himmel.
Welche Reise habt ihr schon vollendet,
Seit ich, weilend in dem Arm der Liebsten,
Euer und der Mitternacht vergessen

Sobre Aquiles

Friedrich Hölderlin
Trad. Bruno Reiser

Alegra-me que tenhas falado de Aquiles. Dentre os Heróis é ele o meu mais querido, tão forte e delicado, a mais perfeita e efêmera flor do Universo dos Heróis, “nascido para viver tão pouco” segundo Homero, justamente por ser tão belo. Gostaria mesmo de pensar que o antigo poeta trouxe-o à presença à ação por tão pouco tempo e deixou os outros perderem-se no estrépito, enquanto seu Herói permanecia em sua tenda, para o quanto menos possível profaná-lo sob o alvoroço diante de Tróia. De Ulisses pôde ele dizer o bastante; é um saco cheio de moedas que muito dá a contar, sendo o ouro mais raro.

Sur Achille

Je suis heureux que tu aies parlé d’Achille. Parmi les Héros il est le plus chéri à moi, si fort et tendre, la plus parfaite et la plus éphemère fleur de l’Univers des Héros, « né pour vivre si peu » selon Homère, tout à fait car il est si beau. Il me plairait même de penser que l’ancien poète le laissa apparaître si peu en action et les autres se perdre sous le fracas, tandis que son Héros démeurait dans sa tente, pour l’épargner le plus possible d’être profané sous le tapage devant Troïa. D’Ulysses put-il assez écrire. Celui-ci est un sac plein de monnaies, où on trouve beaucoup à compter, de l’or étant plus rare.

Über Achill

Mich freut es, daß Du vom Achill sprachst. Er ist mein Liebling unter den Helden, so stark und zart, die gelungenste und vergänglichiste Blüte der Heroenwelt, so „für kurze Zeit geboren“ nach Homer, eben weil er so schön ist. Ich möchte auch fast zu denken, der alte Poet laß ihn nur darum so wenig in Handlung erscheinen und lasse die andern lärmen, indes sein Held im Zelte sitzt, um ihn so wenig wie möglich unter dem Getümmel vor Troja zu profanieren. Von Ulysses konnte er Sachen genug beschreiben. Dieser ist ein Sack voll Scheidemünze, wo man lange zu zählen hat, mit dem Gold ist man viel bälder fertig.

Excerto de "Du côté de chez Swann"

Marcel Proust, Du côté de chez Swann, I
Trad. Bruno Reiser


Fazia já muitos anos que, de Combray, tudo que não fosse o teatro e o drama que me acompanhava ao me deitar, não existia para mim, quando num dia de inverno, como eu entrasse em casa, minha mãe, vendo-me com frio, propôs-me tomar, contra meus hábitos, um pouco de chá. Recusei a princípio e, não sei por que, voltei atrás. Ela mandou buscar um desses doces curtos e rechonchudos chamados Petites Madeleines que parecem ter sido moldados na valva ranhurada de uma concha de Saint-Jacques. E então, maquinalmente, abatido pelo morno dia e pela perspectiva de um triste amanhã, levei aos lábios uma colherada de chá em que deixara amolecer-se um pedaço de madeleine. Mas no instante mesmo em que a colherada misturada às migalhas do doce tocou o paladar, estremeci, atento ao que de extraordinário se passava em mim. Um prazer delicioso invadiu-me, isolado, sem noção de causa. Tão logo fizera-me as vicissitudes da vida indiferentes, seus desastres inofensivos, sua brevidade ilusória, da mesma maneira que opera o amor cumulando-me de uma essência preciosa: ou antes essa essência não estava em mim, ela era eu. Cessara de sentir-me medíocre, contingente, mortal. De onde podia ter-me vindo essa poderosa alegria? Sentia que ela estava ligada ao sabor do chá e do doce, mas que o ultrapassava infinitamente, não devia ser da mesma natureza. De onde vinha ela? O que significava? Onde apreendê-la? Bebo um segundo gole em que não encontro nada mais como no primeiro, um terceiro que me traz um pouco menos que o segundo. É tempo de parar; a virtude da beberagem parece diminuir. Está claro que a verdade que procuro não está nele, mas em mim. Ele a despertou em mim, mas não a conhece, e não pode senão repetir indefinidamente, cada vez com menos força, o mesmo testemunho que não sei interpretar e que quero nada menos que poder pedir-lhe novamente e o reencontrar intacto, à minha disposição, daqui um pouco, para um esclarecimento decisivo. Repouso a xícara e volto-me a meu espírito. É ele que deve achar a verdade. Mas como? Grave incerteza, todas as vezes que o espírito se sente ultrapassado de si mesmo; quando ele, o explorador, é o próprio país obscuro a explorar, onde todo seu equipamento não lhe servirá de nada. Explorar? não somente isso: criar. Ele está diante de alguma coisa que não é ainda, que somente ele pode realizar, e depois entrar em sua luz.
Recomeço a me perguntar o que podia ser esse estado desconhecido, que não trazia nenhuma prova lógica, mas a evidência de sua felicidade, de sua realidade diante da qual as outras se esvaeciam. Queria tentar fazê-lo ressurgir. Retorno através do pensamento ao momento em que tomei a primeira colherada. Reencontro o mesmo estado, sem uma clareza distinta. Peço a meu espírito um maior esforço, que traga ainda uma vez a sensação fugidia. E, para que nada rompa o impulso com que ele procurará reencontrá-la, afasto qualquer obstáculo, qualquer idéia estrangeira, ponho meus ouvidos e minha atenção ao abrigo dos ruídos do cômodo vizinho. Mas, sentindo meu espírito cansar-se sem conseguir, forço-o contrariamente a dar-se à distração que recusava a ele, a pensar em outra coisa, a se refazer antes de uma tentativa última. Depois, uma segunda vez, deixo o vazio à sua frente, recoloco diante dele o sabor ainda recente daquele primeiro gole e sinto estremecer em mim alguma coisa que se teria desancorado de uma grande profundeza; não sei o que é, mas sobe lentamente; provo de uma resistência e ouço o rumor de distâncias percorridas.
O que assim palpita profundamente em meu interior deve ser decerto a imagem, a recordação visual, que, ligada àquele sabor, tenta segui-lo até mim. Mas ela se debate muito longinquamente, muito confusamente; pouco se percebo o reflexo neutro em que se confunde o inapreensível turbilhão das cores agitadas; mas não consigo distinguir a forma, pedir-lhe, como ao único intérprete possível, que me traduza o testemunho de seu contemporâneo, de seu inseparável companheiro, o sabor, pedir-lhe que me faça saber de qual circunstância particular, de que época do passado se trata.
Chegará ela até a superfície à luz de minha consciência, aquela recordação, o instante antigo que a atração de um instante idêntico veio de tão longe solicitar, mover, levantar profundamente em mim? Não sei. Agora não sinto mais nada, ela parou, desceu talvez novamente; quem sabe se retornará ainda de sua noite? Por dez vezes faz-se-me necessário recomeçar, debruçar-me em sua direção. E a cada vez a fraqueza que nos desvia de qualquer tarefa difícil, de qualquer atividade importante, me aconselhou a deixar isso, a tomar meu chá pensando apenas em meus tédios de hoje, em meus desejos de amanhã que se deixam ruminar sem maiores dificuldades.
E então imediatamente a recordação retornou a mim. O gosto era aquele do pequeno pedaço de madeleine que no domingo de manhã, em Combray (porque nesse dia eu não saía antes da hora da missa), quando eu ia dar-lhe bom-dia em seu quarto, minha tia Leonie me ofereceu após tê-lo mergulhado em seu infusão de chá ou de tília. A visão da pequenina madeleine nada me tinha evocado antes que a tivesse provado; talvez porque, tendo-a freqüentemente visto desde então, sem comê-la, em confeitarias, sua imagem tenha deixado aqueles dias de Combray para ligar-se a outras mais recentes; talvez porque daquelas recordações abandonadas por tanto tempo fora da memória, nada sobrevivera, tudo se desagregara; as formas – também aquela da pequena concha de doce, tão sensual em suas dobraduras severas e devotas – aboliram-se, ou, adormecidas, perderam a força de se expandir que lhes teria permitido reencontrar a consciência. Mas, quando de um passado remoto nada mais subsiste, após a morte dos seres, após a destruição das coisas, sozinhos, mais tênues porém mais vivos, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor permanecem ainda durante muito tempo, como almas, a lembrar-se, a esperar, sobre a ruína de todo o resto, a levar sem se curvar, sobre uma gotícula quase impalpável, o edifício imenso da recordação.
E assim que eu reconhecera o gosto do pedaço de madeleine mergulhado na tília que me dava minha tia (ainda que não soubesse e devesse deixar para muito mais tarde descobrir por que essa recordação me fazia tão feliz), logo a velha casa cinzenta de fachada para a rua, onde estava meu quarto, veio como um cenário de teatro aplicar-se ao pequeno pavilhão voltado para o jardim, construído para meus pais nos fundos (esse lado truncado da casa, o qual somente vira até então); e com a casa, a cidade, desde a manhã até a noite, e a todo o tempo, a Praça para onde mandavam-me antes do almoço, as ruas que eu percorria, os caminhos que tomávamos quando fazia tempo bom. E como no jogo em que os japoneses se divertem mergulhando em uma bacia de porcelana cheia d’água, pedacinhos de papel indistintos que, mal se umedecem se estiram, ganham contornos, colorem-se, diferenciam-se, tornam-se flores, casas, personagens consistentes e reconhecíveis, assim agora todas as flores de nosso jardim, e aquelas do parque de M. Swann, e os nenúfares do Vivonne, e a boa gente do lugar e suas pequenas moradias e a igreja e toda Combray e seus arredores, tudo isso que toma forma e solidez, saiu, cidade e jardins, de minha taça de chá.


Il y avait déjà bien des années que, de Combray, tout ce qui n'était pas le théâtre et la drame de mon coucher n'existait plus pour moi, quand un jour d'hiver, comme je rentrais à la maison, ma mère, voyant que j'avais froid, me proposa de me faire prendre, contre mon habitude, un peu de thé. Je refusai d'abord et, je ne sais pourquoi, me ravisai. Elle envoya chercher un de ces gâteaux courts et dodus appelés Petites Madeleines qui semblent avoir été moulés dans la valve rainurée d'une coquille de Saint-Jacques. Et bientôt, machinalement, accablé par la morne journée et la perspective d'un triste lendemain, je portai à mes lèvres une cuillerée du thé où j'avais laissé s'amollir un morceau de madeleine. Mais à l'instant même où la gorgée mêlée des miettes du gâteau toucha mon palais, je tressaillis, attentif à ce qui se passait d'extraordinaire en moi. Un plaisir délicieux m'avait envahi, isolé, sans la notion de sa cause. Il m'avait aussitôt rendu les vicissitudes de la vie indifférentes, ses désastres inoffensifs, sa brièveté illusoire, de la même façon qu'opère l'amour, en me remplissant d'une essence précieuse : ou plutôt cette essence n'était pas en moi, elle était moi. J'avais cessé de me sentir médiocre, contingent, mortel. D'où avait pu me venir cette puissante joie ? Je sentais qu'elle était liée au goût du thé et du gâteau, mais qu'elle le dépassait infiniment, ne devait pas être de même nature. D'où venait-elle ? Que signifiait-elle ? Où l'appréhender ? Je bois une seconde gorgée où je ne trouve rien de plus que dans la première, une troisième qui m'apporte un peu moins que la seconde. Il est temps que je m'arrête, la vertu du breuvage semble diminuer. Il est clair que la vérité que je cherche n'est pas en lui, mais en moi. Il l'y a éveillée, mais ne la connaît pas, et ne peut que répéter indéfiniment, avec de moins en moins de force, ce même témoignage que je ne sais pas interpréter et que je veux au moins pouvoir lui redemander et retrouver intact à ma disposition, tout à l'heure, pour un éclaircissement décisif. Je pose la tasse et me tourne vers mon esprit. C'est à lui de trouver la vérité. Mais comment ? Grave incertitude, toutes les fois que l'esprit se sent dépassé par lui-même ; quand lui, le chercheur, est tout ensemble le pays obscur où il doit chercher et où tout son bagage ne lui sera de rien. Chercher ? pas seulement : créer. Il est en face de quelque chose qui n'est pas encore et que seul il peut réaliser, puis faire entrer dans sa lumière.
Et je recommence à me demander quel pouvait être cet état inconnu, qui n'apportait aucune preuve logique, mais l'évidence de sa félicité, de sa réalité devant laquelle les autres s'évanouissaient. Je veux essayer de le faire réapparaître. Je rétrograde par la pensée au moment où je pris la première cuillerée de thé. Je retrouve le même état, sans une clarté nouvelle. Je demande à mon esprit un effort de plus, de ramener encore une fois la sensation qui s'enfuit. Et, pour que rien ne brise l'élan dont il va tâcher de la ressaisir, j'écarte tout obstacle, toute idée étrangère, j'abrite mes oreilles et mon attention contre les bruits de la chambre voisine. Mais sentant mon esprit qui se fatigue sans réussir, je le force au contraire à prendre cette distraction que je lui refusais, à penser à autre chose, à se refaire avant une tentative suprême. Puis une deuxième fois, je fais le vide devant lui, je remets en face de lui la saveur encore récente de cette première gorgée et je sens tressaillir en moi quelque chose qui se déplace, voudrait s'élever, quelque chose qu'on aurait désancré, à une grande profondeur ; je ne sais ce que c'est, mais cela monte lentement ; j'éprouve la résistance et j'entends la rumeur des distances traversées.
Certes, ce qui palpite ainsi au fond de moi, ce doit être l'image, le souvenir visuel, qui, lié à cette saveur, tente de la suivre jusqu'à moi. Mais il se débat trop loin, trop confusément ; à peine si je perçois le reflet neutre où se confond l'insaisissable tourbillon des couleurs remuées ; mais je ne puis distinguer la forme, lui demander comme au seul interprète possible, de me traduire le témoignage de sa contemporaine, de son inséparable compagne, la saveur, lui demander de m'apprendre de quelle circonstance particulière, de quelle époque du passé il s'agit.
Arrivera-t-il jusqu'à la surface de ma claire conscience, ce souvenir, l'instant ancien que l'attraction d'un instant identique est venue de si loin solliciter, émouvoir, soulever tout au fond de moi ? Je ne sais. Maintenant je ne sens plus rien, il est arrêté, redescendu peut-être ; qui sait s'il remontera jamais de sa nuit ? Dix fois il me faut recommencer, me pencher vers lui. Et chaque fois la lâcheté qui nous détourne de toute tâche difficile, de toute œuvre importante, m'a conseillé de laisser cela, de boire mon thé en pensant simplement à mes ennuis d'aujourd'hui, à mes désirs de demain qui se laissent remâcher sans peine.
Et tout d'un coup le souvenir m'est apparu. Ce goût, c'était celui du petit morceau de madeleine que le dimanche matin à Combray (parce que ce jour-là je ne sortais pas avant l'heure de la messe), quand j'allais lui dire bonjour dans sa chambre, ma tante Léonie m'offrait après l'avoir trempé dans son infusion de thé ou de tilleul. La vue de la petite madeleine ne m'avait rien rappelé avant que je n'y eusse goûté ; peut-être parce que, en ayant souvent aperçu depuis, sans en manger, sur les tablettes des pâtissiers, leur image avait quitté ces jours de Combray pour se lier à d'autres plus récents ; peut-être parce que, de ces souvenirs abandonnés si longtemps hors de la mémoire, rien ne survivait, tout s'était désagrégé ; les formes – et celle aussi du petit coquillage de pâtisserie, si grassement sensuel sous son plissage sévère et dévot – s'étaient abolies, ou, ensommeillées, avaient perdu la force d'expansion qui leur eût permis de rejoindre la conscience. Mais, quand d'un passé ancien rien ne subsiste, après la mort des êtres, après la destruction des choses, seules, plus frêles mais plus vivaces, plus immatérielles, plus persistantes, plus fidèles, l'odeur et la saveur restent encore longtemps, comme des âmes, à se rappeler, à attendre, à espérer, sur la ruine de tout le reste, à porter sans fléchir, sur leur gouttelette presque impalpable, l'édifice immense du souvenir.
Et dès que j'eus reconnu le goût du morceau de madeleine trempé dans le tilleul que me donnait ma tante (quoique je ne susse pas encore et dusse remettre à bien plus tard de découvrir pourquoi ce souvenir me rendait si heureux), aussitôt la vieille maison grise sur la rue, où était sa chambre, vint comme un décor de théâtre s'appliquer au petit pavillon donnant sur le jardin, qu'on avait construit pour mes parents sur ses derrières (ce pan tronqué que seul j'avais revu jusque-là) ; et avec la maison, la ville, la Place où on m'envoyait avant déjeuner, les rues où j'allais faire des courses depuis le matin jusqu'au soir et par tous les temps, les chemins qu'on prenait si le temps était beau. Et comme dans ce jeu où les Japonais s'amusent à tremper dans un bol de porcelaine rempli d'eau de petits morceaux de papier jusque-là indistincts qui, à peine y sont-ils plongés s'étirent, se contournent, se colorent, se différencient, deviennent des fleurs, des maisons, des personnages consistants et reconnaissables, de même maintenant toutes les fleurs de notre jardin et celles du parc de M. Swann, et les nymphéas de la Vivonne, et les bonnes gens du village et leurs petits logis et l'église et tout Combray et ses environs, tout cela qui prend forme et solidité, est sorti, ville et jardins, de ma tasse de thé.